27.1.11
Perspectiva Pós-Eleitoral
A abstenção dominou o panorama, traduzindo o alheamento ou o desinteresse da população com a Política, maioritariamente servida por maus intérpretes, desgastados, desacreditados e inevitavelmente desdenhados pela maioria do eleitorado.
Alegre iludiu-se com a aliança firmada com Sócrates, que, no final da noite, o abandonou à sua sorte de perdedor.
Sairam-lhe furadas as perspectivas de vitória, sustentadas por apoios tão díspares e contraditórios, como os representados pelo radical Louçã e pelo «socialista moderno», neoliberal, José Sócrates, que continua a destruir o Estado de Bem-Estar Social, agora com o rebaixamento das indemnizações aos trabalhadores despedidos, que, no futuro, ainda terão de contribuir para o fundo colectivo das suas próprias indemnizações, aliviando significativamente os encargos das Entidades Patronais. Mais uma maravilha da «governação socialista» socrática.
Entretanto, Sócrates prepara-se para se ver reeleito líder do PS, não se vislumbrando ninguém que lhe dispute o lugar.
Carrilho talvez se afoite, para salvar a honra daquele destroçado convento «socialista», já que Alegre abandonou levianamente essa luta, única coisa politicamente válida que ainda poderia fazer e pela qual muitos, mesmo seus adversários ideológicos lhe ficariam gratos.
Ajudar a arredar alguém tão desacreditado como Sócrates seria um trabalho largamente meritório, para a sua família política e, por extensão, para os demais portugueses.
O destino da Social-Democracia, em Portugal, com um PSD permanentemente subjugado ao ideário neoliberal e um PS entregue ao oportunismo e à incompetência socrática, parece assim obscurecer-se de vez, com o confirmado desvirtuamento dos dois grandes partidos moderados, centrais no espectro político, tradicionalmente vocacionados para encarnar, entre nós, a solução social-democrática.
Resta a esperança de que, ao menos, surja gente tecnicamente mais competente e eticamente mais válida, para orientar estes claudicantes partidos, os chamados Partidos de Poder, por excelência.
Fora desta hipótese, só a fundação de novas organizações políticas, sob a forma partidária ou na de qualquer plataforma frentista, pode permitir ensaiar tal esperança.
Mas para tal acontecer, é necessário que se descubram figuras carismáticas, libertas de passado comprometedor, dispostas a arrostar com as presentes dificuldades.
Se nada disto ocorrer, preparemo-nos para um lento, mas contínuo empobrecimento colectivo, sem garantias democráticas, ao cabo da geral penúria : material, espiritual, ética, cívica e cultural.
Quem me dera que tudo isto fosse só pessimismo...
AV_Lisboa, 27-01-2011
Circula pela NET uma "dissertação" de um chinês em que prova que o que faz falta no Ocidente é trabalho. Que toda a gente pensa em como esbanjar a riqueza que já não há e não se sente obrigado a produzi-la. Pelo que me diz respeito, estou plenamente de acordo.
Não será altura de alguém "com eles no sítio" informar os portugueses que a única saída para a crise é trabalhar mais e melhor?
Saúdo a sua visita.
Quanto ao comentário, concordo que só com o trabalho sério, competente e permanente seja possível melhorar a situação económica e social do Ocidente e de Portugal, em particular.
Mas para isso é mister afastar as hordas de corruptos, incompetentes e oportunistas que abundam nos Partidos; ou forjar novas organizações baseadas em princípios éticos, para praticar e não só para enunciar ou proclamar; ou em último recurso, esperar que novo golpe militar ou outra solução política patrocinada por militares capaz de operar a regeneração do País.
Se nada disto ocorrer, resta-nos assistir ao empobrecimento contínuo, ao pogressivo desaparecimento da entidade chamada Portugal. Duvido que a União Europeia nos valha em permanência.
um abraço.
Touché!
Mas não podemos contar com os militares. Simplesmennte porque, em termos práticos, não existem.
Eu explico:
Pelo modo com que os mais altos responsáveis das FA são escolhidos, não podemos contar com as chefias. Da parte do poder político, há uma tendência para arrebanhar os mais "Timex" que, como se sabe, não adiantam nem atrasam...
Quanto aos militares de mais baixa graduação, todos agora provenientes do voluntariado, são na maioria oriundos dos estratos mais desfavorecidos da população. Estão lá porque doutra forma não teriam emprego (salvo algumas excepções, claro). Ou seja, não estão na tropa para arriscarem a vida para defender aquilo que, no seu entender, será problema dos ricos e poderosos. E no momento em que começarem a ser despachados em caixões de pinho, acaba-se a "vocação".
Mal vai uma nação que coloca a sua segurança nas mãos de indigentes, digamos assim.
<< Home